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Sou um cético. Me designo ateu. Tive uma experiência onde presenciei a incorporação e ajuda de um guia por intermédio de um médium. Nesta ocasião, o guia me disse que tenho um caboclo me protegendo (ou guiando) e que eu poderia desenvolver. Outras pessoas me disseram em ocasiões diferentes que apresento uma mediunidade. Depois destes acontecimentos me senti diferente e estranhamente interessado por este assunto. Ao repensar minhas crenças (ou descrenças) percebi que o meu vigor inicial na minha postura anterior não é mais o mesmo. Às vezes penso em desenvolver, ou me aproximar. Mas temo estar fazendo isso meramente para "acreditar" e procurar um novo solo. Realmente estou confuso. Não sei o que fazer. |
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Nos posicionarmos nos extremos nunca é bom. Alimentar o ceticismo ou a crença sem critérios é abrir mão do esforço da busca investigativa. O Supremo Espírito não nos obriga a crer, mas nós arcamos com o ônus da estagnação. O espírito encarnado não costuma crer naquilo que não vê, mas sofre por demais por essa imprevidência ou negligência. Tomemos como exemplo um fato inerente ao plano físico, a humanidade sofreu sem se dar conta de ataques perniciosos de microorganismos, até que um dia, um grande cientista, Pasteur, alertou-nos que o micróbio era responsável por diversas enfermidades e que era necessario combatê-lo. O micróbio como sabemos é invisível, mas é real, sofríamos porque nos descuidava-mos dessa realidade. Hoje ainda sofremos muito, não somente por nos descuidarmos dos micróbios que tentam invadir o nosso organismo, mas também por desconhecermos ou simplesmente negarmos a realidade espiritual. Segundo os apóstolos, dizia Jesus: "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará". Considerando que estamos falando de religião, da existência de Deus, dos espíritos e da mediunidade como mecanismo de comunicação entre os seres que habitam os diferentes planos de existência, e embora o irmão já tenha demonstrado um arrefecimento da sua posição cética, pergunto: o seu ceticismo tem um motivo? Está baseado em alguma vivência? Já esgotou todas as formas de estudo sobre o assunto? Já encontrou uma explicação lógica e convincente sobre a origem da vida e suas manifestações? Possivelmente não. Uma opinião não pode ser vazia, tem que ter conteúdo. Será que estamos aptos a responder de onde viemos, o que devemos fazer aqui e para onde vamos? Sem o esforço da busca não conseguiremos responder. A Fé é um sentimento próprio do espírito que o impulsiona para a Verdade; ela dá a certeza e a coragem para buscá-la, mas é preciso encontrar o caminho certo através da pesquisa e da busca investigativa, não só pelo que se apresenta a olhos vistos, mas também nos mais recônditos escaninhos da manifestação da Vida. A Fé está a poucos passos do fanatismo, por isso é importante exercê-la com cautela, inteligência, isenção de ânimo, tolerância e respeito. Esses esforços nos proporcionarão uma melhor compreensão do Princípio Inteligente que tem origem no Supremo Espírito que é Deus. Nós somos espíritos em evolução vivendo experiências humanas. O espírito é o Ser Real, o corpo é apenas o veículo transitório de expressão do mesmo, adequado às necessidades do plano em que se manifesta. Após a morte do corpo físico, um outro corpo que o interpenetrava sobrevive, e o espírito continua a sua caminhada evolutiva até chegar a hora de retornar ao plano físico assumindo um novo corpo. O espírito só se liberta da roda reencarnatória quando todas as suas necessidades evolutivas inerentes ao plano físico se esgotam. A evolução continuará em outros planos mais sutis. Nas diversas vivências no plano físico, o espírito acumula erros e acertos. Os acertos o impulsiona à níveis de vivências mais elevados; os erros o mantém na mesma condição, tal qual o aluno que repete a série na escola, só que, os erros podem gerar débitos ou compromissos que devem ser expiados na mesma proporção do fato gerador. Depois do exposto acima, entremos na questão da mediunidade, fazendo um resumo deste assunto tão importante. A mediunidade é uma importante ferramenta de resgate cármico (efeito das ações), podendo variar em formas de manifestações. A sua ação primordial é no campo da caridade e é através dela que o espírito se eleva às alturas. A mediunidade natural é a da intuição, está presente em todos os seres e pode chegar a altos níveis de desenvolvimento. Há diversos tipos especiais de mediunidade; entre outras, as mais importantes são as de incorporação, psicografia, vidência e audiência. Esses tipos especiais de mediunidade, via de regra, são resultados de fatores cármicos, e são obtidas por concessão ou injunção, são compromissos sérios que podem retardar ou acelerar a evolução da alma, dependendo da forma que a mediunidade for usada, ou mesmo se ela não for usada. Nos casos especiais, a mediunidade pode vir desenvolvida (desperta, aflorada), mas precisando de ajustes; ou latente e precisando ser desenvolvida. Nos dois casos a mediunidade está presente, mas em estados diferentes. Há pessoas que tentam desenvolver uma mediunidade especial, como a de incorporação, sem ter recebido uma preparação prévia antes da encarnação ou sem que esteja sob injunção cármica. Seus esforços não atingirão o objetivo desejado, mas de uma certa forma servirá para encontrar o seu lugar dentro do contexto e aproveitar as ilações para sua evolução espiritual. O ideal é que ela seja orientada corretamente para que seus esforços sejam melhor aproveitados. Pelo relatado, aconteceram fatos que o fez despertar para a questão da mediunidade. Na nossa caminhada existencial, nos deparamos com diversas oportunidades evolutivas. Experiências, vivências e expiações nos farão refletir sobre a vida e sobre as questões expostas por essas oportunidades. Tudo na vida acontece para nos proporcionar crescimento espiritual, mesmo nos de menos importância. A nossa reação diante dessas oportunidades pode ser a diferença entre a dor e o prazer, a tristeza e a alegria, a estagnação e o crescimento. Em termos de encarnação, as ações do passado determinaram o presente e as do presente determinam o futuro. Fiquemos sempre atentos as nossas escolhas; prestemos atenção ao conselho de Jesus, “orai e vigiai”. Reflita a respeito das experiências que nos relatou, ouça o seu coração, afaste preconceitos e não tema em acreditar, pois a crença virá somente após as comprovações resultantes das vivências. Todos nós temos amigos espirituais que cuidam para que tenhamos o maior proveito nas encarnações e tenho certeza que o seu está trabalhando para isso. Caboclo ou Preto-Velho, não importa a roupagem perispiritual da entidade, ela estará adequada ao tipo e natureza do trabalho a realizar. Busque conhecer a sua relação de compromisso com a ou as entidades que lhe acompanham, aproveite a oportunidade que lhe está sendo dada, para que amanhã, não seja motivo de arrependimento. Não aceite sem crivo tudo que lhe é dito, estude, viva a experiência, comprove e depois passe a crer; dê oportunidade a crença. Vá a centros, cabanas ou terreiros, apenas como assistente, vá a vários, só depois escolha aquele que sentir mais afinidade para participar dos seus trabalhos. Alguns centros espíritas não fazem a lição de casa e não aceitam Caboclos como guia, outros compreendem perfeitamente a importância do seu trabalho na seara do Mestre Jesus. O centro de Umbanda é o local mais apropriado para a natureza do trabalho que o Caboclo ou o Preto-Velho tem pra realizar, que se entenda bem, centro que realiza o verdadeiro trabalho de caridade, pois alguns, tem o nome Umbanda só de fachada, realizando trabalhos que vão de encontro aos ensinamentos do Cristo. Apenas uma observação, os sacrifícios de animais não são práticas umbandistas, embora alguns centros com influência dos ritos afros possam lançar mão dessas práticas. Fique atento, essas práticas geram sérios compromissos. Mais algumas palavras para finalizar. Não pare diante das dúvidas, busque o esclarecimento. Não se desespere ou desista diante dos erros de escolha, cuide para não repeti-los. Não condene toda uma corrente por causa dos erros de alguns e nem permita que a sua fé se arrefeça por causa deles. |
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